Um dia totalmente dedicado aos amantes do Heavy Metal no
Rock in Rio. Muitas bandas nacionais e internacionais fazendo música de
qualidade para centenas de milhares de fãs fiéis ao estilo. Preferi acompanhar
tudo do conforto de minha casa, assim como fiz em 2001, afinal, a máxima
daquela piada ainda vale: quando se é jovem, tem-se tempo e empolgação, mas
falta o dinheiro. Quando adulto, tem-se dinheiro e empolgação, mas falta o
tempo. Quando velho, tem-se dinheiro e tempo, mas falta a empolgação. Em 2001
me faltava o dinheiro, agora, em 2011, me faltou o tempo. Espero que no próximo
Rock in Rio, meu problema não seja a empolgação.
Tudo começou no Palco Sunset, um palco alternativo montado
bem próximo ao palco principal, onde os shows começam bem no começo da tarde e
vão até o sol se por. O Matanza abriu a tarde, acompanhado do B Negão (de quem
eu nunca havia ouvido falar antes). Em seguida, veio o Korzus, mais um grande
nome do Heavy Metal brazuca no exterior, que trouxe ao palco grandes nomes do
Punk Rock mundial, como Jello Biafra do Dead Kennedys e João Gordo do Ratos do
Porão.
Depois da apresentação do Korzus, veio o primeiro momento
pelo qual eu esperava ansiosamente: a apresentação do Angra ao lado de Tarja
Turunen, ex-Nightwish e, na minha opinião e de muitos outros, a melhor
vocalista feminina do mundo. A banda abriu com a primeira faixa do novo disco
Arising Thunder, com seu refrão marcante, mas que perdeu toda sua força com o
péssimo som que era produzido pelo tal Palco Sunset. Além do mais, o vocalista
Edu Falaschi não estava em seus melhores dias, desafinando durante as próprias
músicas durante praticamente todo o tempo. Seguiram com grandes clássicos da
banda como Angel’s Cry, Nothing to Say e Lisbon até finalmente chamarem a
finlandesa Tarja ao palco. Em sua primeira participação, ela acompanhou Edu na
música Spread Your Fire, do disco de 2004 Temple of Shadows. Em seguida, Tarja
cantou sozinha Wuthering Heights, cover de Kate Bush que o Angra gravou com
André Matos no seu primeiro disco. Com essa canção, diversas fãs na plateia ficaram
bastante emocionadas, tanto com a presença de Tarja Turunen no palco quanto com
a bela canção que o Angra já não executava há aproximadamente 15 anos.
Finalizando a participação da vocalista finlandesa, ela e Edu cantaram juntos
The Phantom of the Opera, com Tarja sendo simplesmente perfeita em sua
execução. Após, Edu continuou desafinando em mais algumas músicas do Angra
mesmo, até que a tortura finalmente acabou. Infelizmente, o vocalista – que
teve sua performance muito criticada no Twitter, por onde eu acompanhava os
comentários – estava altamente desafinado, e com o som do palco alternativo não
ajudando muito, marcou sua participação no Rock in Rio com uma performance muito
abaixo das expectativas.
Após o Angra, quem deveria vir em seguida seria o Sepultura,
para fechar o Palco Sunset em grande estilo nessa noite dos headbangers. Mas,
aparentemente por problemas técnicos, quem entrou primeiro foi o Glória no palco
principal. Debaixo de vaias da galera, tocaram algumas músicas próprias, covers
do Pantera e iram caminhando com um sofrível solo de bateria tentando salvar o
show, quando a Multishow retornou as imagens para o Palco Sunset, onde o
Sepultura iniciava sua participação. Com acompanhamento do Tambours du Bronx,
grupo de percussão francês, fizeram ótimas execuções de grandes clássicos, como
Refuse/Resist e Sepulnation, assim como músicas do novo álbum Kairos. O som
feito pelo Tambours du Bronx se encaixou muito bem às músicas do Sepultura, com
seus tambores de lixo que produziam um som muito rústico e pesado. Ótimo show
até então, porém a Multishow fez o favor de encurtá-lo para os fãs que o acompanhavam
pela TV para passarem a banda Coheen and Cambria, que entrava no Palco Mundo.
Isso gerou o questionamento de praticamente todos que acompanhavam o Show do
Sepultura, pois a organização deveria ter colocado o quarteto brasileiro no
palco principal, e não em um palco alternativo tocando ao mesmo tempo que uma
banda praticamente desconhecida como o Coheen and Cambria, que fez um show que
não conseguiu animar ninguém.
Depois que o Coheen and Cambria concluiu sua performance
completamente sem brilho, chegou o grande primeiro momento do Palco Mundo pelo
qual os amantes de Heavy Metal esperavam: Lemmy Kilmister e seus escudeiros
Mikkey Dee e Phil Campbell fazendo um show dentro dos padrões do Motörhead,
direto, cru e bem executado. Executaram clássicos como Iron Fist, Going to
Brazil, Overkill e Ace of Spades, além de músicas de seu mais recente disco The
Wörld is Yours. Ao final, Lemmy reclamou de alguns problemas técnicos durante o
show que, na minha opinião, não atrapalharam em nada a performance da banda.
Afinal, eu já havia sofrido durante toda a tarde com o péssimo som do Palco
Sunset.
Depois de alguns ocorridos completamente irrelevantes para a
noite do Heavy Metal no Rock in Rio 2011, finalmente o Metallica entra no
palco, ao som de Ecstasy of Gold, com a qual a banda sempre abre seus shows. Vieram
logo com Creeping Death e For Whom the Bells Tolls, mostrando aos fãs
nostálgicos que nada supera os antigos clássicos da banda.
Vou abrir um parêntesis aqui: quando ouvi essas duas músicas
sendo executadas, percebi que o show seria bastante parecido, senão idêntico,
ao show do DVD The Big Four, DVD esse que possuo e já assisti algumas vezes. Felizmente,
houveram algumas diferenças, porém, algumas brincadeiras e interações com a plateia
ocorreram exatamente como ocorreu no show em Sophia na Bulgária, cidade onde o
DVD foi gravado.
Belas execuções de Fuel, Fade to Black, Wellcome Home
(Sanitarium), músicas do novo disco Cyanide e All Nightmare Long, Master of
Puppets, Blackned e outras animaram a galera fazendo desse o melhor show da
noite, fechando a primeira fase com Nothing Else Matters e Enter Sandman. Como
ninguém moveu um dedo do lugar após James Hetfield desejar boa noite, o
Metallica voltou ao palco para o encore. Mas só para quem estava lá na Cidade
do Rock ou acompanhando na TV pelo canal Multishow, pois quem acompanhava pela
Globo teve que ver Zeca Camargo e gravações do show do Motörhead, enquanto era
executado o cover do Diamond Head que o próprio Metallica imortalizou Am I
Evil?. Em seguida, a banda finalizou com os clássicos de seu primeiro disco
Whiplash e Seek and Destroy. Durante essa última música, que é conhecida por
todos por seu peso, refrão poderoso e riffs assassinos, enormes balões pretos
com o logotipo do Metallica foram jogados ao público, fazendo uma bela imagem
para fechar a noite com chave de ouro.
Classifico o show do Metallica como um show perfeito, porém
sem muitas surpresas para quem já assistiu ao DVD The Big Four, infelizmente.
Como bem disse pelo Twitter o meu amigo Pedro Turambar, assim como o Iron
Maiden fez uma noite marcante no Rock in Rio 3, o Metallica deixou seu nome na
história do Rock in Rio 4 com essa apresentação, onde tocou praticamente tudo
que os fãs que foram lá ou acompanharam de casa queriam ouvir. Só achei que
James Hetfield não teve a mesma interação com a plateia da forma que Bruce
Dickinson costuma ter. Quem viu o Rock in Rio 3 se lembra de que Bruce brinca,
conversa, interage, pede a participação dos fãs durante todo o show. Mas nada
que pudesse tirar o valor dessa linda apresentação do Metallica.
Um dia incrível, com ótimas apresentações, tanto no Palco
Sunset quanto no Palco Mundo. E por falar em Palco Sunset, o palco alternativo
em seus primeiros dias de Rock in Rio 4 nunca teve tantas apresentações.
Enquanto nos dias anteriores o público buscava praticamente apenas os shows
principais do palco maior, nesse 25/09 o palco alternativo teve um grande
destaque. Infelizmente, a qualidade do som não ajudou muito e fez com que
vários que estiveram lá questionasses o por quê de bandas como Sepultura e Angra
terem tocado com palco e qualidade de equipamentos menor enquanto nomes
totalmente desconhecidos como Glória e Coheen and Cambria tocaram num palco
maior e com melhor estrutura. Incrível como apenas o dia do Heavy Metal passa
por essas experiências. Infelizmente, ainda falta muito para o Rock in Rio ser
um Wacken Open Air (se que é um dia será).